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Santos

 

Naquela tarde de 2 de março de 2017 fazia calor, entramos pela via principal do bairro do Paquetá e logo percebemos que aquele lugar, apesar de tão próximo do centro histórico, nada tinha a ver com o que ouvimos da mulher que falava pelo microfone durante o passeio que havíamos feito, dias antes, com o bonde turístico que parte do Valongo. O Paquetá tem uma atmosfera que nos remeteu aos escritos de Chester Himes sobre o bairro do Harlen nos EUA, um lugar com um código próprio, aonde quem vem de fora dificilmente compreenderá amplamente o que a expressão “emoções” pode revelar.

 

“Justiça!”, esse era a palavra de ordem entoada pela aglomeração de pessoas que concentravam na frente a Catedral de Santos. Ali acaba de ser realizada a missa de sétimo dia da criança que tinha o rosto estampado nas camisetas daquele grupo. A garota de 9 anos havia sido brutalmente assassinada uma semana antes na região dos cortiços e os moradores do bairro estavam dispostos a marchar até o palácio da polícia civil para exigir justiça e celeridade nas investigações do caso. Marchamos ao lado dessas pessoas até a sede da polícia e no trajeto ouvíamos a história da Associação dos Cortiços do Centro. Foi nessa circunstância que conhecemos Samara Faustino, presidente da associação.

Em tempo, o suspeito de ter cometido esse crime foi preso em Campinas no dia 21 de agosto.

 

São Bernardo do Campo

 

Quando perguntamos “onde estão os ex-trabalhadores do DER” naquelas ruas que antes estava localizado o acampamento do Departamento de Estradas e Rodagem quase não os encontramos, mas suas famílias estavam lá mantendo viva a memória daqueles que há 70 anos pavimentaram a Via do progresso, mas a pergunta que fica:

 

Qual foi o custo social desse progresso?

 

“a terra do móvel e do automóvel”

Sandra Zoccaratto

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